domingo, outubro 22, 2006

Orçamento Virtual

Estamos a viver, por mais um ano, a cegada Orçamento de Estado. Ou melhor, a tentativa de combater o, já, companheiro “défice”.
Contudo, muito se escreve e diz sobre a actual, e bem apresentada, proposta de Orçamento de Estado para 2007.
Apesar de tudo o que se possa dizer, este parece ser, um bom orçamento. Pelo menos demonstra coragem e intenção de fazer. Além do mais, vai ao encontro de, algumas, promessas eleitorais apresentadas. Refiro-me ao “Choque Tecnológico” e ao aumento do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia.
No entanto, e para não entrar num estudo intenso e extensivo sobre o mesmo, OE 2007, que será certamente tema do próximo artigo do Fernando Soares na área de economia, gostaria de reflectir e abordar a relevância, efectiva, do Orçamento de Estado. Critérios de elaboração.
Como todos podem, pelo menos, conjecturar,supor, um Orçamento de Estado é uma previsão de como um país, neste caso Portugal, irá utilizar as receitas geradas, na sua grande maioria através de impostos, para fazer face ás suas despesas. Mais simples e básico não poderia ser.
Contudo, ao contrário do que muitos possam pensar, o modelo de elaboração em Portugal depende de critérios próprios, mas diferentes, dos utilizados depois pela Comissão Europeia (CE). Entidade, agora, reguladora!
Isto é, todos sabemos o custo da elaboração de um OE, extraordinário é, todos sabermos também, que o mesmo apenas traça uma estratégia, virtual, de Portugal, para ofuscar uma verdade que, forçosamente, o “Pai Europa” irá desvendar.
É interessante, mesmo para o mais leigo neste assunto, perceber a “virtualidade” de qualquer Orçamento de Estado apresentado nos últimos anos, em especial, com o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Quanto á discussão teórica que pretendo levantar.
Em Portugal, optámos por um Orçamento de gerência, isto é, apenas se considera no orçamento as despesas efectivamente contraídas nesse ano, não incluindo portanto aquelas que apenas serão pagas ou recebidas em momento posterior. Em detrimento pela opção de um Orçamento de Exercício em que são consideradas todas as receitas e despesas contraídas nesse ano, independentemente da sua efectividade.
Para além deste primeiro traço do modelo orçamental português, existe outro, agora relativo aos critérios de equilíbrio orçamental.

Mas o que significa o equilíbrio Orçamental?

Significa que “as despesas totais devem ser cobertas pelas receitas normais ou rendimentos do Estado”. A questão fundamental consiste em saber quando é que certas despesas podem ser cobertas por certas receitas.
Neste âmbito, o equilíbrio pode "cobrir" situações de equilíbrio aritmético, défice e superávit.
Além disso, o nosso Orçamento está assente em dois critérios orçamentais estruturais: 1) Para a concepção em geral do próprio documento utilizados o chamado critério de Activos Patrimoniais que significa que receitas correntes cobrem despesas correntes e de capital; 2) No âmbito do equilíbrio orçamental stricto senso, o critério de Activo de Tesouraria em que receitas efectivas cobrem despesas efectivas e não efectivas.
Por exemplo, nesta proposta de orçamento, mais de 50% do previsto para o investimento incidirá em grandes projectos públicos (OTA e TGV) e Investimento e desenvolvimento (I & D). Contudo segundo estes critérios esta despesa não conta para efeitos de calculo do défice. Além do mais, o calculo do valor da despesa efectiva, está sob um pilar ainda em construção: O sucesso da Reforma da Administração Pública.
A minha preocupação e espanto incidem numa certeza: O nosso modelo e critérios orçamentais, em especial no âmbito do equilíbrio, são diferentes dos que, posteriormente, depois de aprovado pela Assembleia da Republica e promulgado pelo Presidente da Republica, a União Europeia, em especial, a Comissão utilizará.

Porquê esta diferença?

Para quê haver orçamentos virtuais, em que nos enganamos a nós próprios, cheio de ratoeiras e lances obscuros e não se apresenta a verdade aos cidadãos.
Além disso para quê gastar uma fortuna na concepção de um documento que, em último caso, nada significará.
Por coincidência, na passada sexta feira no DE, no âmbito do “observatório permanente – OE2007”, também, já, alguns, conceituados economistas portugueses consensualmente referiam que a solução para uma política económica eficaz passaria por um novo modelo de elaboração e apresentação orçamental.

Embora o efeito prático deste artigo possa ser quase nulo…vale a pena reflectir sobre esta questão.

Conhecendo a teoria, certamente, poderemos perceber, identificar, o que não resulta na práctica!

5 comentários:

Luigi disse...

Realmente às vezes faz confusão como é que é possível haver tantas destas artimanhas e manipulações, só para chegar a um resultado que nos agrade.

Não é que estas regras e critérios não tenham a sua razão de ser, por exemplo, aquele critério que referes de despesas correntes e de capital, tem a sua justificação. Há dois tipos de receitas(simplificando). Impostos e Emprestimos. (Os Emprestimos não são mais que Impostos futuros, uma vez que terão que ser pagos com dinheiro dos contribuintes futuros.) E ha dois tipos de despesas, correntes(por exemplo a conta da luz do ministério do ambiente) e de capital(por exemplo a construçao do TGV). Como por exemplo do TGV vao beneficiar tambem os contribuintes futuros, faz sentido que esta despesa possa ser financiada por emprestimos(impostos futuros). E que as despesas correntes tenham que ser financiadas por receitas correntes.

Agora o que não faz sentido é que se usem estas e outras regras como forma de "engenharia contabilística" de forma a tentar mascarar a realidade de um país que gasta acima das suas possibilidades. Quem não se lembra do recurso às receitas extraordinárias? Vender património para sustentar um Estado gastador não me parece grande política de longo prazo...

Isto tudo para dizer que realmente o actual sistema de aprovação do orçamento torna tudo pouco claro. Além disso, quando não há maioria absoluta torna-se num braço de ferro entre o Governo e a Oposição, porque precisa de ser aprovado no Parlamento. O que a meu ver deveria ser repensado, porque não faz sentido haver um Governo eleito e com um programa aprovado em Assembleia da Republica, e depois o Governo não ter os meios para por em prática esse programa. Ultimamente teem-se feito dos Orçamentos moções de censura aos Governos, o que na pratica resulta em Orçamentos com cedências aqui e ali para poderem ser aprovados (lembrem-se do Orçamento do Queijo Limiano). Ora estes Orçamentos são uma bela maneira de depois o Governo se demitir de responsabilidades, argumentando com o facto de não ter tido todas as condições para aplicar o seu programa de Governo, e conduzem muitas vezes à necessidade de orçamentos rectificativos, que ainda tornam toda esta situação mais confusa e desprestigiante.
Mais valia que o Orçamento fosse elaborado, aprovado e executado pelo Governo, que assim teria total responsabilidade sobre ele, e seria chamado a prestar contas no lugar próprio, no Parlamento, que não nos devemos esquecer, não é um orgão executivo, mas legislativo e de fiscalização. Se o Parlamento não estiver satisfeito com o Governo, tem muitos instrumentos ao seu dispor, como a moção de censura. Não é preciso estar a por constantemente em xeque o Governo aquando da aprovação do Orçamento, e talvez assim possamos ter Orçamentos claros e transparentes, e sem estas manipulações para consumo interno, quando a realidade é outra.

Luis L. Xavier

Anónimo disse...

qero antes d mais dar os meus parabens ao meu caro amigo bernardo por mostrar q a geraçao futura tera um grande secretario de estado/ministro/primeiro ministro e qem sabe presidente..tambem qero louvar a criaçao deste exemio sitio q nao so tem um pouco de tudo como nos( geraçao d 83 a 86)mostra que está na altura de ligar a algo mais q gajas futebol e nte como o país,cidade,mundo(politica e socialmente)..
mas,como n podia deixar de ser ,tenho de comentar a quantidade ridicula de virgulas q o meu amigo utiliza em tao elequentes textos.
e mais:é verdade que ja tamos numa idade onde a responsabilidade e a preocupaçao sobre os assuntos actuais devem ser uma das nossas prioridades ms FODASSE tambem n é preciso armarnos todos em ministros e intelectuais(tou a falar dos comments e n dos posts by theo ou mm d sr.fernando) e escrevermos como se tivessemos de usar todos as palavras caras do dicionario de portugues-portugues das ediçoes bertrand.tenho dito.peace

Anónimo disse...

Desculpem a minha opinião sincera mas este blog não passa de um antro de pseudo intelectuais q mais não tem q fazer do q andar a armar se em crescidos, e cujo unico objectivo é serem tidos pelos tios(com cargos e influencias)como uma especie de iluminados de 20 e poucos anos...poupem-nos!!!
Que falta de interesse ter um puto de 20 anos a falar do orçamento de estado e de pactos politicos...

Se realmente querem deixar alguma marca,falem de assuntos novos e de interesse para a vossa geração,e não tentem passar a imagem de iluminados de palmo e meio armados ao pingarelho,como se fossem alguem...
È muito fácil criar blogs,é muito facil opinar,e não duvido q de entre todos os q fazem parte deste blog haja realmente pessoas capazes e inteligentes, mas voces fazem me lembrar o francisquinho louçã nos tempos de escola, sempre com a sua opiniãozinha de trazer por casa em relação a tudo e todos...
CRESÇAM E APAREÇAM!

Anónimo disse...

Relativamente ao orçamento de estado penso que está tudo (bem) dito nos post e comments do blog. Queria só salientar uma medida tomada por este governo que muito aperciei e que, certamente, irá contribuir positivamente para o equilibrio das contas de 2007: O NÃO ao despesismo descontrolado da madeira, o NÃO ao Alberto, o CHEGA da palhaçada das contas do calhau.
Acho que deviamos manifestarmo-nos por uma madeira INDEPENDENTE!


abraços FLC

Anónimo disse...

Ouviram-te Fausto:

http://dn.sapo.pt/2006/11/02/tema/psd_admite_existencia_genes_separati.html

Tens razão quanto ao despesismo intolerável, mas é um mal necessário. Como é q a Madeira seria viável sem o cheque do Continente? n é com vinho e flores q se vai lá...

Webdesing: Francisco Pinto Coelho (francisco.coelho@tagus.ist.utl.pt) 2007